Com este mesmo olhar de fé e respeito, o Governo Municipal pauta suas ações futuras. Na última sexta-feira (06) as Folias de Minas, as de Reis e de outros santos se tornaram Patrimônio Imaterial do Estado

 

 

Na manhã desta sexta-feira (06) dia dedicado aos Três Reis Santos e Dia Santo de Guarda para muitos devotos, o Governo Municipal de Guaranésia através do prefeito Laércio Cintra e do vice Diego de Castro, recepcionaram no Paço Municipal uma Companhia de Reis, dedicando este momento singular à fé e tradição do povo guaranesiano e da mesma forma pedindo proteção e bom andamento de todos os trabalhos administrativos iniciados na última segunda (02).
Com respeito à crença dos servidores e diretores, muitos foram convocados a recepcionar a Companhia de Reis e ajudar na montagem de um café da manhã que foi servido aos presentes: foliões, servidores e populares, de forma muita descontraída e simples.
Segundo o prefeito Laércio este gesto simples, tem um significado muito grande, pois o reisado faz parte da cultura da grande maioria das famílias guaranesianas, mostrando a fé e respeito às tradições da cidade, que serão tônicas no atual governo e da mesma forma será uma cobrança a todos os departamentos: “Somos um governo que tem prioridade no povo e nas suas demandas e desta forma, trabalhando em união iremos conduzir todos os nossos trabalhos e ações.” A valorização da cultura popular e apoio igualmente serão ações do seu governo, destacou Láercio, “Temos um compromisso com estas tradições e iremos dar total apoio às suas realizações. Em conjunto com o Departamento de Cultura e Turismo através do diretor Paulo Marcos,  estamos já nos mobilizando para realmente valorizar ações que resgatem a cultura num todo.”
No evento esteve presente o presidente da Câmara de Vereadores de Guaranésia, Valter Martins o qual parabenizou pela iniciativa, destacando que  atos simples como aquele, que fazem toda uma diferença, pois colocam as autoridades municipais junto ao povo.
Companhias de Reis ainda mantém viva a tradição
Em Guaranésia, assim com outras cidades da região, inúmeros grupos folclóricos realizam suas jornadas, e diferenciando quanto ao número de integrantes ou mesmo forma de gerenciamento por parte do organizador, atuam a difusão e manutenção desta tradição secular.
Atualmente cerca de 07 grupos percorrem as casas da cidade, de Santa Cruz do Prata e zona rural, sendo que em anos passados este número passou de 12 grupos, uma mostra de que mesmo havendo a redução de companhias, muitos entusiastas fervorosos se mantém firmes na propagação desta cultura de fé.
Segundo José Carlos Pereira, gerente de uma das mais tradicionais Companhia de Reis de Guaranésia, todo ano há sempre um patrono, pessoa ou família que movido pela fé, mobiliza os foliões e se necessário, caso as ofertas não sejam suficientes, ajuda nas "Chegadas", quando um almoço ou “janta”  é servido à todos, sendo a entrada deste evento livre.
Ao longo da jornada, várias famiíias se predispõe a colaborar efetuando donativos financeiros ou alimentício ou mesmo patrocinado "jantas", as quais são famosas pela fartura e pelo sabor especial, sendo famosa na cidade as macarronadas ou carne com batatas de Santo Reis.
As "chegadas" quando não são realizadas nas residências dos festeiros ou patronos, nos últimos anos tem sido realizadas nos salões de eventos das entidades de Guaranésia (Conferência São Vicente de Paula, Sociedade Santo Antonio de Pádua e Asilo São Vicente de Paula, além da Capela de Santos Reis).
Agendamento da "janta"
Segundo informado, dado ao número menor de Companhias, atualmente há um agendamento prévio de cerca de dois anos para as famosas "jantas", ou seja, as companhias que neste ano realizam suas jornadas de Reis, tem já "jantas agendadas e garantidas até 2018.
Folias de Minas se tornam Patrimônio Imaterial em Dia de Santo Reis
Viva Santo Reis! E viva as Folias de Minas, as de Reis e de outros santos, que acabam de se tornar Patrimônio Imaterial do Estado. Estima-se que existam quase quatro mil grupos de cantadores e palhaços que mantêm há anos a tradição de bater de porta em porta para compartilhar a alegria e a boa nova do nascimento do menino Jesus nas entranhas e sertões mineiros. No ano passado, foram cadastrados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) 1.255 grupos em 326 municípios mineiros, mas essas não representariam nem 1/3 do que se calcula ter por aqui.
Com o reconhecimento agora do Conselho Estadual de Patrimônio de Minas Gerais (Conep), a expectativa é que mais folias se registrem e consigam obter ajuda financeira para perpetuar essa manifestação folclórica de religiosidade popular. "Municípios e Estados vão poder buscar verba para editais de compras de instrumentos, roupas, oficinas de foliões. É o início de um trabalho de salvaguardar uma cultura presente em todo o Estado", explicou Michele Arroyo, presidente do Iepha-MG. Minas é o Estado que mais espalhou essa tradição.
Proteger a cultura das folias significa enfrentar algumas barreiras sociais modernas. "O princípio ativo das folias é: 'abra a sua porta'. Estamos na contramão da indústria da segurança, empoderando as folias e mestres para reformar as relações sociais", destacou o presidente da Comissão Mineira de Folclore, José Moreira. Ele vive esse universo das folias desde criança e está na comissão quase 50 anos, "prestando atenção no saber viver e suas condições". "Hoje, se vê muito a folia de espetáculo, que não vai nas casas das famílias, entrar e cantar, como as originais, porque está todo mundo fechado em seus condomínios. Para você ter uma ideia, o presépio do Palácio da Liberdade tinha um soldado da PM na frente para evitar depredação", considerou Moreira.
Se Moreira destaca a mudança em relação a segurança, o carioca Affonso Furtado, pesquisador cultural de folias há 30 anos, fala sobre a educação das novas gerações. "Infelizmente, a educação brasileira é focada só no mercado, não olha a nossa cultura. Você ouviu sobre a folia na escola?", questiona Furtado, que criou um grupo de folia com 7 anos de idade, era órfão de mãe, e se diz impregnado pela tradição foliã de Reis.
Entenda
Surgida na Península Ibérica, a Folia de Reis se transformou absorvendo sons, instrumentos, ritos e vozes, disseminados por todo o Brasil, tendo mais concentração em Minas Gerais. Muitos grupos mineiros, há décadas, renovam sua fé e devoção na Folia de Reis com cantigas, danças, que passam por gerações familiares.
A Folia de Reis é uma festa católica que celebra os Três Reis Magos. Fixado o nascimento de Jesus Cristo a 25 de dezembro, adotou-se a data da visitação dos Reis Magos como sendo o dia 6 de janeiro, que, em alguns países de origem latina, especialmente aqueles cuja cultura tem origem espanhola, passou a ser a mais importante data comemorativa católica, mais importante, inclusive, que o próprio Natal. No estado do Rio de Janeiro, no Brasil, os grupos realizam folias até o dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião, o padroeiro do estado.
Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos "Santos Reis" e ao nascimento de Cristo; essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos, 6 de janeiro. Trata-se de uma tradição originária de Espanha que ganhou força especialmente no século XIX e que mantém-se viva em muitas regiões do país, sobretudo nas pequenas cidades dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás, dentre outros.
Em Salvador, terra onde a religiosidade transborda seja através do candomblé ou do catolicismo, não poderia faltar, no calendário, a Festa de Reis, que acontece no bairro da Lapinha. Iniciada por um tríduo preparatório, a festa tem o seu ápice no dia 5 de janeiro, quando ocorre o desfile dos Ternos de Reis que vêm de diversos locais da cidade.
Devidamente armados com fantasias e instrumentos, fazendo representações dos Reis Magos e outras personagens através de música, dança e versos, os ternos encantam a população que enche o Largo da Lapinha e seus arredores. Um dos ternos mais tradicionais é o Rosa Menina que vem do bairro de Pernambués. Fundado em 1945, o terno Rosa Menina é, hoje, o mais antigo da cidade, tendo, à frente, Seu Silvano, um dos seus fundadores. A missa principal, celebrada em geral pelo arcebispo da cidade, acontece na Igreja da Lapinha, onde é possível se admirar um maravilhoso presépio em tamanho natural. Complementando a festa, não poderiam faltar as barracas de comidas, bebidas e jogos, que dão o tom profano.
O Terno de Reis ou Folia de Reis
No Brasil, a visitação das casas, que dura do final de dezembro até o dia de Reis, é feita por grupos organizados, muitos dos quais motivados por propósitos sociais e filantrópicos. Cada grupo, chamado em alguns lugares de Folia de Reis, em outros Terno de Reis, é composto por músicos tocando instrumentos, em sua maioria de confecção caseira e artesanal, como tambores, reco-reco, flauta e rabeca (espécie de violino rústico), além da tradicional viola caipira e do acordeão, também conhecida em certas regiões como sanfona, gaita ou pé-de-bode.
Além dos músicos instrumentistas e cantores, o grupo muitas vezes se compõe também de dançarinos, palhaços e outras figuras folclóricas devidamente caracterizadas segundo as lendas e tradições locais. Todos se organizam sob a liderança do Mestre da Folia e seguem com reverência os passos da bandeira, cumprindo rituais tradicionais de inquestionável beleza e riqueza cultural.
As canções são sempre sobre temas religiosos, com exceção daquelas tocadas nas tradicionais paradas para jantares, almoços ou repouso dos foliões, onde acontecem animadas festas com cantorias e danças típicas regionais, como catira, moda de viola e cateretê. Contudo ao contrário dos Reis da tradição, o propósito da folia não é o de levar presentes mas de recebê-los do dono da casa para finalidades filantrópicas, exceto, obviamente, as fartas mesas dos jantares e as bebidas que são oferecidas aos foliões.
Grupos Incrementados
Uma das formas de sobrevivência da manifestação folclórica, especialmente nas grandes cidades, foi a incorporação nos Ternos de elementos figurativos, com a finalidade de promover apresentações para turistas e para os próprios habitantes e trazendo alegria para todos.
Integrantes
Três Reis Magos: participantes que personificam os reis que visitaram o Menino Jesus, quando ele nasceu: Baltasar, Melquior e Gaspar.
Palhaços: Geralmente dois ou três, que fazem o papel de dançarinos do grupo. Eles tem o costume de se chamar de irmãos e possuem obrigações e proibições específicas (como jamais dançar diante da Bandeira). Eles realizam acrobacias usando um bastão, vestem-se com máscaras, portam um apito com o qual marcam a chegada e a partida da Bandeira, durante as exibições dos palhaços, os espectadores atiram moedas ao chão, em frente a eles para homenageá-los. Eles, então, alegram-se e brincam entre si, empurrando as moedas com o bastão para que o outro palhaço as colete, aproveitam para instigar o público a jogar mais dinheiro, que eles colocam em sacolas para coleta desses donativos;
Coro: É constituído geralmente por seis pessoas que são, ao mesmo tempo, cantores e instrumentistas o número, todavia, varia de entre as regiões. Cada membro do coro tem sua função.
Mestre ou Embaixador: é o principal personagem da folia, ou ainda chefe da folia, porque ele organiza a logística do grupo, o trajeto, horários e os instrumentos, e é o responsável improvisar os versos cantados nas residências. Cabe aos mestres a responsabilidade de manter viva a tradição e se encarregar da transmissão oral dele, como lembra Luís da Câmara Cascudo.
Bandeireiro ou Alferes da Bandeira: Tem a função de carregar a bandeira do grupo respeitosamente. Ela é apresentada ao chefe da residência onde a folia passa para receberem os donativos oferecidos pelas famílias.
A Bandeira, chamada de "Doutrina", é feita de pano brilhante. Nela é colada uma estampa dos Reis Magos. Constitui o elemento sagrado da Companhia e assim é tratada: beijam-na respeitosamente os moradores das casas visitadas, é passada com muita fé sobre as camas da residência e nunca pode ser colocada num lugar menos digno. Esse respeito perdura durante o ano todo, mesmo passada a época de Reis: na casa onde fica guardada, há orações periódicas diante dela. No universo cultural de nosso povo, a Bandeira é a representação dos três Reis; por isso, explicam os Mestres, ela deve ir sempre à frente pelos representantes dos pastores que seguiram os Reis Magos.
Festeiro: figura importante, pois é, geralmente, na sua residência que os foliões fazem a "tirada da bandeira" e também é para onde é feito o retorno ao final do "giro". Às vezes, é utilizada a casa do Mestre para a saída e chegada da bandeira ou a casa de alguma pessoa que, por motivo de promessa, arca com as despesas da folia.
É importante destacar que, nas folias, não existe a participação feminina conforme indica Porto: "Os Reis Magos não trouxeram consigo suas esposas; se os foliões levassem mulher na folia, estariam deturpando o sentido da representação"; também, dizem outros, nenhuma mulher visitou o presépio de Jesus; admitir mulher entre os foliões, como participante, seria desviar o sentido da dramatização.
Canções
Em algumas regiões, as canções de Reis são por vezes ininteligíveis, dado o caos sonoro produzido. Isto ocorre, quase sempre, porque o ritmo ganhou, ao longo do tempo, contornos de origens africanas com fortes batidas e com um clímax de entonação vocal. Contudo, um componente permanece imutável: a canção de chegada, onde o líder (ou Capitão) pede permissão ao dono da casa para entrar, e a canção da despedida, onde a Folia agradece as doações e a acolhida, e se despede.
No Sul de Minas, um grupo de Folia de Reis é composto da Bandeira ou Estandarte que é decorado com figuras alusivas ao menino Jesus, ou mesmo com palavras relativas à data. Outro componente importante é o Bastião que se veste de modo característico, mascarado e sempre porta uma espada, este tem a função de folião propriamente dito, levando alegria por onde a folia passa, e como que abrindo caminho para a passagem da Folia que de certa forma representa os próprios Reis Magos. O Bastião tem também a função de citar textos bíblicos e recitar poesias alusivas. Na sequência o grupo de vozes se organiza em Mestre, Ajudante, Contrato, Tipe, Retipe, Contratipe, Tala, ou Finório. Na verdade esses nomes se referem a uma organização das vozes em tons e contratons, durante a cantoria, o que leva a formação de um coro muito agradável aos ouvidos. O Mestre, por sua vez, tem o papel especial de iniciar o canto, que é feito em versos e de improviso, agradecendo os donativos da casa visitada. Os outros componentes então repetem os versos, cada qual em sua voz, na cadência definida pelo Mestre, acompanhados pelos instrumentos que tocam.
Danças: Reisado
O reisado é uma dança popular profano-religiosa, de origem portuguesa, com que se festeja a véspera e o Dia de Reis. No período de 24 de dezembro a 6 de janeiro, um grupo formado por músicos, cantores e dançarinos vão de porta em porta anunciando a chegada do Messias e fazendo louvações aos donos das casas por onde passam e dançam. Reisado também é muito conhecido como Folia de Reis.
O Reisado é de origem portuguesa e instalou-se em Sergipe no período colonial. Atualmente, é dançado em qualquer época do ano, os temas de seu enredo, variam de acordo com o local e a época em que são encenados, podem ser: amor, guerra, religião entre outros.
O Reisado se compõe de várias partes e tem diversos personagens como o rei, o mestre, contramestre, figuras e moleques. Os instrumentos que acompanham o grupo são violão, sanfona, ganzá, zabumba, triângulo e pandeiro.




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